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Quando se preparava para inseri-la na
fechadura, os pelos dos seus braços eriçaram-se. Não era uma mera vaga de frio
que a fazia reagir daquele modo; tinha um mau pressentimento. Uma sensação
familiar atravessou-a e soube no seu íntimo que estava a ser vigiada. Receou
que olhos se encarregariam de tal vigília. Com a prática adquirida nos últimos
dias, aprendera a não desvalorizar as impressões que a acossavam, pelo que
resolveu despachar-se. Fez a chave penetrar na ranhura o quanto antes. Foi,
porém, surpreendida pelo som de alguém a descer as escadas da arcada num ritmo
apressado. Deu um pulo com o susto. Ao aperceber-se de que os passos se afastavam,
sentiu-se grata, pois pressupunha que tinha sido poupada ao que lhe estivesse
reservado. Mas estaria mesmo a salvo?
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