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Um som similar a um galho a partir-se
chamou-lhe a atenção. Voltou-se para trás, mas não viu ninguém; estava sozinha.
Provavelmente ter-se-ia partido algum raminho numa das árvores junto às escadas
– nada do outro mundo. Estava a ter um dia tenso, era natural que imaginasse
coisas ou estivesse nervosa. Decidiu prosseguir, ignorando o arrepio glacial
que sentiu na parte de trás do pescoço. Instantes depois, o ar agitou-se de um modo
estranho. Marina pressentiu que algo estava errado. Não conseguiu, todavia,
determinar o que estaria a deixá-la tão agitada e inquieta. Foi então que ouviu
distintamente passos pesados atrás de si. Olhou de forma dissimulada por cima
do ombro e vislumbrou um homem vestido de negro. Apesar de lhe parecer
familiar, achou que era um tipo esquisito... e suspeito. Não queria ficar ali
para travar conhecimento. E de onde teria aparecido? Só podia ter vindo da
escadaria, mas quando se virara não tinha visto vivalma. Um formigueiro
frenético alarmante invadiu-a.
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Tinha anoitecido. As ruas eram alumiadas
pela escassa luminosidade dos candeeiros públicos, que faziam certas zonas
parecerem roxas e outras cor-de-laranja. Os carros ainda passavam com
frequência pela estrada, embora não se avistasse quase ninguém na rua. Estudou
a muralha e, para sua desilusão e desassossego, lá estava ele, exatamente no
mesmo ponto. Sentiu um aperto no peito quando viu que ele continuava a fitar
especificamente a sua janela. Podia jurar que sentia pender sobre si o seu
olhar penetrante e tenebroso, o que a fez tremer de pavor.
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Uma aragem gelada acariciou-lhe as costas e
fê-la arrepiar-se. Parecia que lhe tinham deitado cubos de gelo para dentro da
camisola. Ajeitou o casaco e ergueu-se: estava na hora de procurar abrigo na
escola antes que começasse a pingar.
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De repente, uma figura
negra surgiu por entre uma névoa misteriosa, por detrás da antiga torre de
vigia, até se corporalizar
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