domingo, 22 de setembro de 2013

Citação| Excerto "Perdidos"


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Um som similar a um galho a partir-se chamou-lhe a atenção. Voltou-se para trás, mas não viu ninguém; estava sozinha. Provavelmente ter-se-ia partido algum raminho numa das árvores junto às escadas – nada do outro mundo. Estava a ter um dia tenso, era natural que imaginasse coisas ou estivesse nervosa. Decidiu prosseguir, ignorando o arrepio glacial que sentiu na parte de trás do pescoço. Instantes depois, o ar agitou-se de um modo estranho. Marina pressentiu que algo estava errado. Não conseguiu, todavia, determinar o que estaria a deixá-la tão agitada e inquieta. Foi então que ouviu distintamente passos pesados atrás de si. Olhou de forma dissimulada por cima do ombro e vislumbrou um homem vestido de negro. Apesar de lhe parecer familiar, achou que era um tipo esquisito... e suspeito. Não queria ficar ali para travar conhecimento. E de onde teria aparecido? Só podia ter vindo da escadaria, mas quando se virara não tinha visto vivalma. Um formigueiro frenético alarmante invadiu-a.

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Tinha anoitecido. As ruas eram alumiadas pela escassa luminosidade dos candeeiros públicos, que faziam certas zonas parecerem roxas e outras cor-de-laranja. Os carros ainda passavam com frequência pela estrada, embora não se avistasse quase ninguém na rua. Estudou a muralha e, para sua desilusão e desassossego, lá estava ele, exatamente no mesmo ponto. Sentiu um aperto no peito quando viu que ele continuava a fitar especificamente a sua janela. Podia jurar que sentia pender sobre si o seu olhar penetrante e tenebroso, o que a fez tremer de pavor.

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Uma aragem gelada acariciou-lhe as costas e fê-la arrepiar-se. Parecia que lhe tinham deitado cubos de gelo para dentro da camisola. Ajeitou o casaco e ergueu-se: estava na hora de procurar abrigo na escola antes que começasse a pingar.

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De repente, uma figura negra surgiu por entre uma névoa misteriosa, por detrás da antiga torre de vigia, até se corporalizar em pleno. O ar tornou-se mais pesado, roçando o incomportável, chamando a atenção de Marina. O seu estômago contorceu-se como que invadido por um milhão de mariposas, e o seu sexto sentido exigiu a todos os outros que ficassem em alerta máximo. Sabia que, se se voltasse, divisaria algo que não queria, por isso tentou resistir ao impulso de o fazer e esforçou-se por continuar a andar. Se o ignorasse, podia ser que “aquilo” se fosse embora e ela ficaria segura.

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