domingo, 20 de outubro de 2013

Citação| Excerto "Perdidos"


Página 294
A mão aterrou-lhe em cheio no pescoço e elevou-a no ar, sem esforço. Marina sentia a traqueia a ser-lhe esmagada. Além da dor torturante, o ar não conseguia passar, levando os seus pulmões a reclamarem veementemente para que o bloqueio aflitivo fosse ultrapassado. Levou as mãos ao pescoço, para tentar livrar-se das garras de Barbatos, e agitou-se o mais possível, para que se tornasse difícil segurá-la e acabasse por largá-la. Barbatos, porém, estava decidido a terminar tudo ali mesmo e Marina estava a perder as forças. Dos seus olhos caíram duas lágrimas. Tentou falar, chamar pelo amigo, mas não conseguiu – as sílabas morreram-lhe antes de conseguir articulá-las sequer. Num último ato de desespero, começou a pontapear o demónio. Se ia morrer, então morria a lutar - não se rendia. Estava prestes a desfalecer, mas, mesmo assim, contorcia-se como um peixe fora de água. 

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