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A mão aterrou-lhe em cheio no pescoço e
elevou-a no ar, sem esforço. Marina sentia a traqueia a ser-lhe esmagada. Além
da dor torturante, o ar não conseguia passar, levando os seus pulmões a
reclamarem veementemente para que o bloqueio aflitivo fosse ultrapassado. Levou
as mãos ao pescoço, para tentar livrar-se das garras de Barbatos, e agitou-se o
mais possível, para que se tornasse difícil segurá-la e acabasse por largá-la.
Barbatos, porém, estava decidido a terminar tudo ali mesmo e Marina estava a
perder as forças. Dos seus olhos caíram duas lágrimas. Tentou falar, chamar pelo
amigo, mas não conseguiu – as sílabas morreram-lhe antes de conseguir articulá-las
sequer. Num último ato de desespero, começou a pontapear o demónio. Se ia
morrer, então morria a lutar - não se rendia. Estava prestes a desfalecer, mas,
mesmo assim, contorcia-se como um peixe fora de água.
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