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Lucas movia-se com lentidão por entre terra
árida e vermelha, e vestia apenas umas calças de ganga presas por um cinto. O
tronco nu e musculado era bafejado por um vento escaldante que lhe queimava a
pele. Aparentando sentir-se cansado, sentou-se sobre umas rochas e ali se
deixou ficar, fixando o vazio. Como não conseguia ver bem a cara de Lucas,
Marina - que no sonho vestia apenas uma túnica branca feita de um tecido que dançava
ao sabor da aragem quente - aproximou-se dele. Mal o rapaz levantou a vista do
chão e o seu olhar encontrou o dela, Marina sentiu uma súbita falta de ar.
Agarrou-se ao pescoço, implorando que o oxigénio voltasse. Com uma ânsia
crescente, caiu de joelhos na terra estéril e estendeu o braço a Lucas, para
que a ajudasse. Com calma, ele baixou o corpo na sua direção apenas para
sussurrar-lhe ao ouvido: “Não fazes ideia
do que te fazem aqui”.
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