segunda-feira, 11 de maio de 2015

“Alien Hunter” – Perspetiva de David Telles

Apresentada a sinopse de “Alien Hunter”, é altura de um novo post sobre este assunto.
Admito que a primeira imagem que vi referente a este projeto remeteu-me para o espaço e, de facto, na perspetiva da Skyler, é por aí que os alienígenas andam. Após ler a sinopse, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a música do Sting “Englishman in New York”, que estudei na escola e cuja referência a “alien” (https://www.youtube.com/watch?v=d27gTrPPAyk) me ajudou a compreender um conceito que, para mim, é de outro mundo. Apelidar de “alien” alguém que habita no mesmo planeta que nós é ridículo, ainda para mais com um sentido tão negativo.
Mais importante do que ser eu a falar sobre este assunto, aqui partilho a perspetiva do escritor/ diretor de “Alien Hunter”, David Telles:

«Em 2008, quando estava a trabalhar num programa para o National Geographic Explorer intitulado 'Border Wars', passei um par de semanas no Arizona e na Califórnia, na fronteira EUA/ México, onde vi bem de perto a imigração para este país.
Sendo um americano-mexicano nascido na Califórnia, cuja família tem raízes no Arizona, Califórnia e Texas, sempre senti uma certa distância entre mim e os mexicanos que recentemente migraram para aqui. Não era que eu não me compadecesse da sua situação ou simpatizasse com eles; era só que a minha família está aqui há gerações e nossa experiência foi muito diferente. Estar na fronteira permitiu-me, pela primeira vez, vestir-lhes a pele.
Andei com a patrulha fronteiriça dos EUA a perseguir imigrantes indocumentados e patrulhei o deserto com a BORSTAR, uma unidade de elite de busca e salvamento, à procura de pessoas que pudessem ter sucumbido ao calor e sofrido desidratação grave, ou que tivessem sido deixados para trás por contrabandistas impiedosos. Também tive a oportunidade de ver esta história a partir da perspetiva de um pai otimista que fez esta viagem muitas vezes antes para sustentar a sua família, disposto a arriscar a vida para ganhar dinheiro suficiente para alimentar a sua esposa e filhos a mil milhas de distância. Caminhei pelo vasto deserto estéril tal como ele faria e encontrei uma profunda empatia no meu coração para com alguém que é, em muitos aspetos, como eu, apenas sem os privilégios que me foram concedidos por crescer com uma educação do primeiro mundo.
Anos mais tarde, um bom amigo meu, Scotty Davis, veio até mim com uma história que acabou por se tornar no “Alien Hunter”. Cativou-me imediatamente e falar com ele sobre isso trouxe-me realmente de volta ao duro deserto implacável e às experiências que lá vivi. O que gostei particularmente na história foi o facto de me dar a oportunidade de olhar para a questão do ponto de vista de uma criança, não filtrado por influências sociais. Onde os adultos veem a política, raça e economia, as crianças apenas veem outras crianças que riem, brincam e imaginam como elas, e isso realmente agarrou-me. 
Quase um ano e muitos rascunhos depois, estamos finalmente prontos para filmar este filme. Espero que as pessoas levem para casa uma mensagem de valor humano universal. Gostaria muito que todos nós víssemos as nossas fronteiras como pura fantasia e a terra como um planeta não para ser dividido, mas como uma comunidade que devemos proteger. Tive sorte suficiente para ser abençoado e crescer com um sistema de apoio que tem incentivado a minha criatividade e consciência social. Rezo para que através deste projeto possa espalhar essa mensagem e compartilhar essa visão com muitas outras pessoas. 

Obrigado,
David Telles»



Presented the synopsis of "Alien Hunter", it is time for a new post about this subject.
I admit that the first image I saw about this project made me think of outer space and, in fact, from Skyler’s perspective, that’s where aliens live. After reading the synopsis, the first thing that came to mind was Sting’s song "Englishman in New York", that lyrics I studied in school and whose reference to "alien" (https://www.youtube.com/watch?v=d27gTrPPAyk) helped me to understand a concept that, to me, is from another world. Calling "alien" to someone who lives in the same planet as us is ridiculous, even more with such a negative sense.
More important than me speaking about this subject, here’s the perspective of the writer/ director of “Alien Hunter”, David Telles:

«In 2008 I was working on a show for National Geographic Explorer titled ‘Border Wars’. I spent a couple of weeks in Arizona and California on the U.S./Mexico border where I was able to get an up close and personal look at immigration into this country.
Being a Mexican American born in California but whose family has roots in Arizona, California and Texas, I always felt a distance between myself and other Mexican people who had recently immigrated here. It wasn’t that I didn’t feel for their plight or sympathize with them; it’s just that my family has been here for generations and our experience was quite different. Being there on the border allowed me, for the first time, to really walk in their shoes.
I rode with the U.S. border patrol, chasing down undocumented immigrants and patrolled the desert with BORSTAR, an elite search and rescue unit, looking for people who may have fallen victim to the heat and severe dehydration or left behind by ruthless smugglers. I also got a chance to experience this story from the perspective of an optimistic father who has made this journey many times before, to provide for his family, willing to risk his life to earn enough money to feed his wife and children a thousand miles away. I walked the vast barren desert just as he would and found a deep source of empathy in my heart for someone, who is in many ways just like me, only without the privileges afforded to me by a first world upbringing and education.
Years later, a good friend of mine, Scotty Davis, came to me with a story that ended up becoming ALIEN HUNTER. It immediately grabbed me and talking about it with him, really brought me back to the harsh unforgiving desert and the experiences I had there. What I especially loved about the story was that it gave me an opportunity to look at the issue from a child’s perspective, unfiltered by societal influences. Where adults see politics, race and economics, children only see other kids who laugh, play and imagine just like them and that really grabbed me.
Almost a year and many drafts later, we are finally ready to shoot this film. I hope that people take home a message of universal human value. I would love us all to see our borders as complete fantasy and that earth is not a planet to be divided up but as a community we must all protect. I’ve been lucky enough to be blessed with growing up with a support system that has encouraged my creativity and social awareness. I pray that through this project I can spread that message and share this vision with many other people.

Thank you,
David Telles»


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