Apresentada
a sinopse de “Alien Hunter”, é altura de um novo post sobre este assunto.
Admito
que a primeira imagem que vi referente a este projeto remeteu-me para o espaço
e, de facto, na perspetiva da Skyler, é por aí que os alienígenas andam. Após
ler a sinopse, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a música do Sting
“Englishman in New York”, que estudei na escola e cuja referência a “alien” (https://www.youtube.com/watch?v=d27gTrPPAyk)
me ajudou a compreender um conceito que, para mim, é de outro mundo. Apelidar
de “alien” alguém que habita no mesmo planeta que nós é ridículo, ainda para
mais com um sentido tão negativo.
Mais
importante do que ser eu a falar sobre este assunto, aqui partilho a perspetiva
do escritor/ diretor de “Alien Hunter”, David Telles:
«Em 2008, quando estava a trabalhar num programa para o National
Geographic Explorer intitulado 'Border Wars', passei um par de semanas no
Arizona e na Califórnia, na fronteira EUA/ México, onde vi bem de perto a
imigração para este país.
Sendo um americano-mexicano nascido na Califórnia, cuja
família tem raízes no Arizona, Califórnia e Texas, sempre senti uma certa distância
entre mim e os mexicanos que recentemente migraram para aqui. Não era que eu
não me compadecesse da sua situação ou simpatizasse com eles; era só que a
minha família está aqui há gerações e nossa experiência foi muito diferente.
Estar na fronteira permitiu-me, pela primeira vez, vestir-lhes a pele.
Andei com a patrulha fronteiriça dos EUA a
perseguir imigrantes indocumentados e patrulhei o deserto com a BORSTAR, uma
unidade de elite de busca e salvamento, à procura de pessoas que pudessem ter sucumbido
ao calor e sofrido desidratação grave, ou que tivessem sido deixados para trás
por contrabandistas impiedosos. Também tive a oportunidade de ver esta história
a partir da perspetiva de um pai otimista que fez esta viagem muitas vezes
antes para sustentar a sua família, disposto a arriscar a vida para ganhar
dinheiro suficiente para alimentar a sua esposa e filhos a mil milhas de
distância. Caminhei pelo vasto deserto estéril tal como ele faria e encontrei
uma profunda empatia no meu coração para com alguém que é, em muitos aspetos, como
eu, apenas sem os privilégios que me foram concedidos por crescer com uma educação
do primeiro mundo.
Anos mais tarde, um bom amigo meu, Scotty Davis,
veio até mim com uma história que acabou por se tornar no “Alien Hunter”. Cativou-me
imediatamente e falar com ele sobre isso trouxe-me realmente de volta ao duro
deserto implacável e às experiências que lá vivi. O que gostei particularmente
na história foi o facto de me dar a oportunidade de olhar para a questão do
ponto de vista de uma criança, não filtrado por influências sociais. Onde os
adultos veem a política, raça e economia, as crianças apenas veem outras
crianças que riem, brincam e imaginam como elas, e isso realmente agarrou-me.
Quase um ano e muitos rascunhos depois, estamos
finalmente prontos para filmar este filme. Espero que as pessoas levem para
casa uma mensagem de valor humano universal. Gostaria muito que todos nós víssemos
as nossas fronteiras como pura fantasia e a terra como um planeta não para ser
dividido, mas como uma comunidade que devemos proteger. Tive sorte suficiente
para ser abençoado e crescer com um sistema de apoio que tem incentivado a
minha criatividade e consciência social. Rezo para que através deste projeto
possa espalhar essa mensagem e compartilhar essa visão com muitas outras
pessoas.
Obrigado,
David Telles»
Presented
the synopsis of "Alien Hunter", it is time for a new post about this
subject.
I
admit that the first image I saw about this project made me think of outer
space and, in fact, from Skyler’s perspective, that’s where aliens live. After
reading the synopsis, the first thing that came to mind was Sting’s song
"Englishman in New York", that lyrics I studied in school and whose
reference to "alien" (https://www.youtube.com/watch?v=d27gTrPPAyk)
helped me to understand a concept that, to me, is from another world. Calling
"alien" to someone who lives in the same planet as us is ridiculous, even
more with such a negative sense.
More
important than me speaking about this subject, here’s the perspective of the
writer/ director of “Alien Hunter”, David Telles:
«In
2008 I was working on a show for National Geographic Explorer titled ‘Border
Wars’. I spent a couple of weeks in Arizona and California on the U.S./Mexico
border where I was able to get an up close and personal look at immigration
into this country.
Being
a Mexican American born in California but whose family has roots in Arizona,
California and Texas, I always felt a distance between myself and other Mexican
people who had recently immigrated here. It wasn’t that I didn’t feel for their
plight or sympathize with them; it’s just that my family has been here for
generations and our experience was quite different. Being there on the border
allowed me, for the first time, to really walk in their shoes.
I rode
with the U.S. border patrol, chasing down undocumented immigrants and patrolled
the desert with BORSTAR, an elite search and rescue unit, looking for people
who may have fallen victim to the heat and severe dehydration or left behind by
ruthless smugglers. I also got a chance to experience this story from the
perspective of an optimistic father who has made this journey many times
before, to provide for his family, willing to risk his life to earn enough
money to feed his wife and children a thousand miles away. I walked the vast
barren desert just as he would and found a deep source of empathy in my heart
for someone, who is in many ways just like me, only without the privileges afforded
to me by a first world upbringing and education.
Years
later, a good friend of mine, Scotty Davis, came to me with a story that ended
up becoming ALIEN HUNTER. It immediately grabbed me and talking about it with
him, really brought me back to the harsh unforgiving desert and the experiences
I had there. What I especially loved about the story was that it gave me an
opportunity to look at the issue from a child’s perspective, unfiltered by
societal influences. Where adults see politics, race and economics, children
only see other kids who laugh, play and imagine just like them and that really
grabbed me.
Almost
a year and many drafts later, we are finally ready to shoot this film. I hope
that people take home a message of universal human value. I would love us all
to see our borders as complete fantasy and that earth is not a planet to be
divided up but as a community we must all protect. I’ve been lucky enough to be
blessed with growing up with a support system that has encouraged my creativity
and social awareness. I pray that through this project I can spread that
message and share this vision with many other people.
Thank
you,
David
Telles»
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